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Gattopardo LP

by Gattopardo

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1.
A torcida na rua grita, grita A tropa pronta para o choque Tudo isso ao meu redor me irrita Fogos, fogos, fogo! morte! Flores para os derrotados, escoltados em fila Até embaixo do cemitério, eu só quero Chegar à estação e entrar no vagão Do último metrô Último metrô Último metrô Sou um cara enrolado, estou sempre atrasado Quando não tardo, eu falho Sou um cara enrolado, estou sempre atrasado Não moro, me escondo, me afasto Da multidão Na multidão Todos se vão O mesmo destino Os mesmos destinos Todos em vão As portas, as grades que se fecham Último metrô As esperanças que se acabam Último metrô As escadas que só descem Último metrô Os segredos do subsolo Último metrô Os trabalhadores sub-assalariados Último metrô A engrenagem da cidade Último metrô Último metrô Último metrô
2.
Retro 02:23
Suas armas brancas Seus gestos sua dança Nossas velhas angústias A gente dissimula Mas se o cansaço nos vencer de novo Ao menos devemos admitir: “foi um belo jogo” Ata minhas mãos às suas E quando nos deitamos juntos Não pensamos em liberdade Severo regime nos cabe Mas quando me coloca contra a parede Eu ouço os fuzis, eu sinto a rede Adeus, adeus, não a mim Vamos nos repetir até um novo fim
3.
Asfixia 03:52
Conversas repetidas e as mesmas mentiras Não quero voltar pra aquele lugar que deveria chamar de lar Qualquer buraco é um abrigo, tenho dormido em casa de amigos O retorno à rotina sempre desanima Se mesmo em noites ordinárias Rolávamos às gargalhadas Hoje, o desgaste nos domina Se me apraz, corpo e voz pedem mais, mais Mas também digo não à chateação De momentos que duram dias, dias que passo sofrendo Por horas e horas que só o silêncio abafa Mas é um silêncio cínico Um silêncio duradouro Quando a sós um olha pro outro Temos duas ou três coisas em comum, mas todo mundo tem com todo mundo Você me acusa de desembaraço ao admitir nosso fracasso Mas a eternidade é uma falácia e esse amor pede eutanásia Palavras secas, lábios rachados, se fui ácido não foi por acaso, contente agora com o meu descaso Descaso delatado por detalhes Detalhes difíceis de disfarçar Desapego, desdém, desamor Não estamos mais em sincronia Pois a nossa companhia Asfixia, asfixia
4.
Desencanto 02:32
Se Vênus de Milo não virá me abraçar E não terei o império de um César Se até prazeres proibidos são frustrantes Já não há querer que me levante Desencanto As cheias do Nilo jamais chegarão Ao deserto onde fui camelo e leão Como criança eu teimo e cismo Com as verdades do meu niilismo Desencanto Eu não temo o amanhã perdido na solidão Não tenho medo de perder a razão Jogado num canto sem nenhum amigo À mercê de um desconhecido Desencanto
5.
As pessoas olham, mas simplesmente não veem Se dizem que estão ouvindo, por que não entendem? Insônia, dor, no corpo, na cabeça Cada um com seus problemas atrás de suas mesas Até a criança que separada do resto Chora no pátio sentada no concreto Sabe que o mundo, o mundo não é justo Nem todos são ganhadores, nem todos têm tudo E os eternos desconhecidos, lado a lado no ônibus, metrô Fingem que não se veem, ignoram o outro As pessoas até conversam, mas nada é dito Palavras entram e saem de seus ouvidos Todos trabalham, mas nada é produzido Esse nada que não nos é devolvido O sol brilha mas a luz do outro é mais forte Sobra dinheiro no mundo mas ninguém te socorre Seus remédios são seus únicos amigos Quando até o amor em moeda é convertido Por essas ruas tão sujas nem dá vontade de andar Ficam todos fechados, amargurados, nos quartos em casa Mas se todos derem socos, todos, no mesmo muro Ele certamente cairá, cairá no chão, no chão duro Vamos derrubar! Derrubar! Incendiar!
6.
Antes do amor ser necessidade Mas já com bastante idade Pra perturbar, fazer barulho Desrespeitar toda autoridade No calor da noite saem dos bueiros Meninos se perdem, perdem seus medos Crescendo num mundo feio e sem fadas Num mundo de fatos, ratos e baratas Qualquer absurdo só pra se divertir Eu quero alguma coisa que faça rir Que faça o tempo voar Me faça voar com tempo Ó vento mais forte Que carrega as nuvens Sei que você pode Me leva também Me leva pra longe Me leva pra onde Não tenha barreiras Trancas, fechaduras Me deixe transpor Todas estruturas Pular entre os prédios Os muros das casas Ter prazer na dor Da pele arranhada Que derrama o sangue Sangue jovem e sujo Esse nosso sangue Que nunca foi puro Mas o vento era só uma brisa E quando a gente aterrissa É preciso descer de novo Descer pelos canos do esgoto E voltar a vagar para sobreviver Aqui se caça, se caça pra ter E quando eu quero diversão, e todo dia eu quero E quando eu quero diversão, e todo dia eu quero Os meninos perdidos, os meninos perdidos Eu sei onde achar Se a vida é um jogo, esse é meu time E o centro é a sede, pra todos os crimes Andando nesse cenário, somos todos suspeitos Eu sei o que faço tá errado e tá feito E somos todos suspeitos, todos suspeitos Meninos perdidos não tem jeito Mas entre tantos tumultos Nem todos meninos viram adultos
7.
No governo acha que tudo gira ao seu redor, o sol, o sol Estrelas egoístas só querem ser admiradas, mais nada E o homem pequeno assiste ao jogo dos corpos celestes Inerte, Inerte Eu não vejo montanhas campos ou castelos Mas da avenida mais alta no topo de um prédio Eu vejo aterrissar o dono de um império Por que cantar, por que cantar, belas odes? Se eu não cantar, quem vai cantar as mazelas da metrópole? Aos que se jogam nos trilhos, aos que morrem nas filas Aos pequenos problemas do dia-a-dia Por entre essas ruas anos de histórias Mas nada disso é meu, sou a escória Um dia eu sonhei que o mundo não tinha dono E que a utopia não era só um engano A cidade estava toda quebrada, cacos caídos no chão E era preciso que cada um com suas próprias mãos Recolhessem os pedaços e recomeçassem caco por caco E eu dizia: ‘Eu não me importo se me corto, eu não me importo’ Na minha bandeira não há cores Não defendo há tiros os meus valores Nenhuma religião me faz ajoelhar Nenhuma pátria me fará lutar Mas é preciso ser, ser inocente e cruel Saber amar e amaldiçoar o céu Pois cada chuva que cai é um castigo Sob, inunda, transborda o rio É verão e eu não estou feliz É verão e eu não queria estar aqui Espremido entre tanta gente Suando e se lavando na enchente
8.
Hora do lobo 02:28
Palavras impróprias pra ocasião, palavras impróprias Palavras impróprias pra ocasião, palavras impróprias Aos quarenta saberei o que é certo, aos quarenta saberei Aos quarenta saberei o que é certo, aos quarenta Mas não me parece que a virtude seja o suficiente para ser feliz Mas não me parece que a virtude seja o suficiente para ser feliz Se o fruto maduro é o proibido, verde ou podre ninguém quer provar E o fruto maduro é o proibido Paraíso perdido pra quem acredita, paraíso perdido pra quem acredita Paraíso perdido pra quem acredita na oposição entre inocência e experiência Flor colhida, flor a murchar, flor colhida Flor colhida, flor a murchar, flor colhida Já fui moço agora sou lobo, já fui moço agora sou lobo Já fui moço, agora, sou lobo O suor cicatriza a ferida, suor, ferida O suor cicatriza a ferida, ferida de batalhas Todas batalhas são por batatas, todas batalhas são por nada Todas batalhas são por batatas, todos batalham Eu e meu cérebro discordamos, estamos em desacordo Eu e meu cérebro discordamos, estamos em desacordo Quando os pássaros da noite já se retiraram E os da manhã ainda não acordaram Não há quem escute ou veja Que a hora do lobo chega Só a lua poderia dizê-la Mas mal sabe a ovelha Que no alto da madrugada O lobo ataca
9.
Nova guerra 02:54
Esse mundo é pequeno demais pra nós todos Esse mundo é pequeno demais pra nós todos Eu quero uma nova guerra, eu quero uma nova guerra Milhões de mortos Milhões de mortos Milhões de mortos, o horror Extermínio, estatística do medo O alistamento diminui o desemprego O inimigo pode ter sido vencido Mas existem outras formas de fascismo Esse mundo é pequeno demais pra nós todos Esse mundo é pequeno demais pra nós todos Eu quero uma nova guerra, eu quero uma nova guerra Milhões de mortos Milhões de mortos Milhões de mortos, o horror Extermínio, estatística do medo O alistamento diminui o desemprego Juventude unida pela ideologia Iludida pelo ódio extremista O atraso alheio não é permitido Vamos libertar os primitivos Tudo pelo bem do povo Tudo pelos bens de poucos
10.
Negros, nordestinos, imigrantes latinos No subúrbio, das prisões ao salário mínimo A isso se resume à igualdade E o direito da propriedade É o direito dos proprietários E não dos desafortunados Homens, mulheres vindos de outra cidade, de outra região Julgados pelo seu sotaque, maneira, criação Povos de fora admiram nossa cultura, nossa diversidade Mas o que se vê nos cargos chefes, na alta sociedade Não é a mesma cor das classes B, C e D E quem lucra quando o Brasil volta a crescer? Se ainda sustentamos colonizadores Eles são só de uma dentre todas as cores Todas as cores Todas as cores Todas as cores Todas as cores
11.
Meus avós, meus pais Gerações pra trás Europa África, Transatlântico Novos velhos românticos Explora quem espera, deseja Um futuro que nunca chega Promessas País promessa política E às vezes eu me pergunto se realmente existe uma saída, uma perspectiva Dezembro, Janeiro, recomeço Férias, décimo terceiro Fundo de garantia Esperança natalina Economia selvagem Ao dragão combate Te buscar de carruagem Após o trânsito da tarde Heróis, trabalhadores, cidadãos Meus sonhos, meus irmãos Minha irmã Realidade vilã
12.
Jornada noturna Jornada noturna Coração de ouro roubado, petrificado Pela alquimia inversa de um amor passado Do café forte o olhar amargo de quem não tem sorte Vejo minha mão tremer, vejo o velho em mim Vejo que não será diferente o fim Mesmos lugares, mesmo desejos, faces mudam, nem percebo Pego meu barco, na escuridão me apago e esqueço que vivo, esqueço que vivo Eu disse que saio, pego meu barco, vivo em desmaio, vivo em desmaio E esqueço que vivo, esqueço que vivo, esqueço que vivo E esqueço que vivo, esqueço que vivo, esqueço que vivo E esqueço que vivo, esqueço que vivo Jornada noturna Jornada noturna

about

via Burka for Everybody, Dama da Noite Discos e Publicações e Nada Nada Discos.

credits

released December 18, 2014

Gravado, mixado e masterizado por Fernando Sanches em Novembro-Dezembro/2013, no Estúdio El Rocha. Produção de Pedro Carvalho e Gattopardo. Arte por Pedro Andrada e Gattopardo.

Gattopardo é Alan Crisogano (bateria), Elcio Basílio (voz), Pedro Keppler (baixo) e Rodrigo Feltrini (guitarra).

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Gattopardo Sao Paulo, Brazil

Alan Crisogano,
Elcio Basilio,
Pedro Keppler,
Rodrigo Feltrini.

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